sábado, 8 de maio de 2010

Trova do além




vou a um cemitério
entro em uma biblioteca
procuro túmulos
abro um livro
sinto o bafo de um poeta morto
sinto seu cheiro
seus pensamentos
estou a possuí-lo

vou à procura
encontro outra sepultura
devagar abro seu túmulo
magicamente
cesso o pensar
o devaneio dele é meu devanear

vejo a podridão de suas palavras
choro a dor de sua vida
estou a ser o poeta
este agora vaga por aí
libertei a sua alma
e novamente das sombras
ele está a existir!

empresto a minha carne viva
de pensamentos mortos
a sua carne morta de pensamentos vivos
e um novo ser surge no espaço
ressuscitado