sábado, 8 de maio de 2010

Trova do além




vou a um cemitério
entro em uma biblioteca
procuro túmulos
abro um livro
sinto o bafo de um poeta morto
sinto seu cheiro
seus pensamentos
estou a possuí-lo

vou à procura
encontro outra sepultura
devagar abro seu túmulo
magicamente
cesso o pensar
o devaneio dele é meu devanear

vejo a podridão de suas palavras
choro a dor de sua vida
estou a ser o poeta
este agora vaga por aí
libertei a sua alma
e novamente das sombras
ele está a existir!

empresto a minha carne viva
de pensamentos mortos
a sua carne morta de pensamentos vivos
e um novo ser surge no espaço
ressuscitado

5 comentários:

Domingos Neto disse...

Texto muito bom
abraço

Bruno Oliveira disse...

Por que "carne viva de pensamentos mortos"?

Alessandra disse...

aí vc terá que entrar no meu mundo existencialmente louco...rs

Bruno Oliveira disse...

Ah, tá... rsrsrs. É que eu acho "pensamentos mortos" uma expressão muito forte, sabe? Afinal, nossos pensamentos "morrem" conosco? Ou será que eles contiuam vivinhos aí afora, impressos em laudas e mentes abertas?

Alessandra disse...

Meu amigo não há explicação para nada.
Eu sinto a minha poesia e simplesmente escrevo ,tanto que ao reler nem eu mesma compreendo...Mas o importante é ser espontâneo!
............................

Como diz Carlos Drummond de Andrade:
"Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço."

Grande Abraço,Bruno