segunda-feira, 16 de julho de 2012



em águas

finas e

cristalinas

meu ser

levemente

para bem longe

foi...





foi...

aos poucos

aos pouquinhos

pedaços de mim...





foi-se por completo

em uma só manhã


de vez


em uma

aterrorizante

correnteza



...

arrastou-me




e




desde




então

permaneço entre um

furtivo e terminantemente

transparecer

latente





e







desde então

não há fogo

que me queime

eu já ultrapassei


a máxima dor







me transformei em água

derrapei e






leve e límpida


forte e profunda

virei





a minha própria


necessidade


abasteço-me


de mim mesma



desde


então


escorro (em) palavras


(entre) palavras

(com) palavras

(sempre) em palavras


como a água


solvente

que dá forma

a tudo













Um comentário:

Bruno Oliveira disse...

Gostei do poema e da ideia de progressão, enchente, algo que se esvai, se encontra e se preenche... Mas, logo no começo, fiquei surpreso com "águas finas". Não tinha entendido a princípio, confesso. Porém, o "finas" faz todo o sentido quando terminamos de ler o presente poema. Afinal, é nascente, certo? Contudo, não resisto em ti provocar: e se fosse "águas frias", hein? Que que você acha??